quarta-feira, 11 de junho de 2008

A escola e o caipira


Caipira (palavra tupi que significa tímido, envergonhado) originou-se do casamento de índios com brancos. Podemos reconhecer o caipira, que geralmente é lavrador, pequeno agricultor, camponês, por alguns sinais bem típicos: o gosto de andar descalço ou com um simples chinelo; comer ou conversar de cócoras; o gosto pela música sertaneja (aquela que canta sua terra, seus rios, costumes, folclore, suas lendas, seus encantos, enfim, o seu Sertão).
No mês de junho falam muito no caipira e em seus costumes, mas minha preocupação como educadora é a maneira como isso vem sendo trabalhado na escola.
Por exemplo, a escola trabalha com seus alunos a importância de uma dentição saudável, mas enaltece o dente cariado ou a falta de dentes ao retratar o caipira nas festas juninas. Isso é, no mínimo, incoerente, sem falar no desrespeito à família, ao delegado, ao padre e ao matrimônio, quando representa o “casamento na roça”. No meio rural, nada acontece assim: o caipira nunca vai à festa com sua pior veste. Não entra em ambientes fechados usando chapéu.
Seria importante esclarecer aos alunos que estas são representações artificiais incorretas, nas quais o padre, o juiz, o delegado e o relacionamento homem-mulher são ridicularizados. A escola deve ensinar o respeito às diferenças, à diversidade cultural e a valorizar a população rural.

Marilane Mendes Alvarenga
Novo Hamburgo-RS
Publicado na revista Mundo Jovem